
Quando o dia amanheceu eu já não via a hora de ir embora dalí. Ainda tive que tomar outro banho porque levantei da cama deixando um rastro de sangue pelo chão. O pior é que ninguém ligava pra aquilo! Não perguntavam se eu tava bem, nada...O médico obstetra chegou e perguntou se eu queria ir embora, achava que eu ia responder o quê? Que a hospedagem estava ótima e eu resolvi ficar mais uma semana! Só a ceia da noite que eu me esbaldei. Acho que devo ter tomado uns 3 ou 4 copos de Mucilon de milho, tava tão gostoso... Mas lógico que eu queria ir pra minha casa. Me deu alta e ligaram na minha casa. A Frederica deu banho no Gustavo novamente e deixei o conjuntinho de linha azul que a Lu tinha dado pra ele sair. Minha mãe saiu com ele nos braços e no carro mostrou o rostinho dele pro meu pai dizendo: 'Aqui vovô, o seu netinho.' Ele olhou e não fez nenhuma festa.
O primeiro dia em casa no início até que foi tranqüilo. O Gustavo dormiu um pouquinho, mas eu numa empolgação do pai dele chegar logo e vendo se aparecia alguma visita, nem liguei de dar um cochilo. À noite é que a coisa pegou: eu pensando que ia descansar do parto exaustivo que me tirou uma noite, fora as noites de insônia que tive no final da gravidez, achei que nenê só acordava à noite pra mamar e dormia de novo, ninguém me explicou que existia cólica...Ele não mamava e chorava tanto...Não sabia o que fazer. Minha mãe, de bronca, nem tava aí se eu não chamasse. Fez um chá pra ele. O pediatra do hospital receitou Luftal e eu ia socando tudo no menino pra ver se aliviava. Foi pior, aí que complicou e intensificou mais o sofrimento dele. ( Ah, porque eu não tive acesso a tanto conhecimento que tenho hoje...tinha poupado meu filho de tanta coisa desnecessária e teria tido mais paciência...) Teve um dia que minha mãe levantou foi pra me xingar, porque ele chorava no meu colo e eu chorava também olhando pra ele. Poxa, eu só queria dormir um pouco! E não sabia o que fazer com aquele bebezinho!
Só sei que no dia seguinte fui desesperando ainda mais ao perceber o quanto eu tava inchada, meu pé não cabia nem dentro do chinelo, parecia uma bola. Quando caminhava até o banheiro, minha barriga chacoalhava de tanto líquido na pele. Eu tava mais imensa do que estive na gravidez! O nariz parecia uma batata no meio da cara. Não deu outra: a fome do Gustavo veio e meu leite não descia. Ele não sabia sugar e eu, desisformada, achava que não tinha nada no peito.
Ele chorava tanto de fome, que não teve outro jeito a não ser dar mamadeira. Ele mamava e dormia que até suava. Aí eu : 'Tá vendo como é fome!' O Anderson trouxe um amigo dele que eu nem olhei direito na cara do rapaz, eu tava tão nervosa e ele me traz o moço bem na hora que eu tentava amamentar e o menino berrando de fome até a mamadeira ficar pronta. O cara dizendo pro Anderson que o nenê era a cara dele.
Me deram o telefone de um PSF aqui do bairro pra eu pedir ajuda à enfermeira se tivesse dificuldade pra amamentar. Liguei, afinal era o que eu queria. Ela veio e me ensinou como ajudar o Gustavo a aprender sugar o peito. Me deu um pito de ter dado chupeta pra ele. Ele pegou assim que chegou do hospital, achei tão bonitinho...depois fiquei com dor na consciência de tomar conhecimento dos males em palestras, mas já tava difícil tirar. Hoje penso que dá pra conscilhiar tudo e que pode dar certo no seu tempo. Não me arrependo mais.
No terceiro dia a outra avó veio visitar com a irmã dele. Trouxeram um macacãozinho. O Anderson tinha contado pros irmãos primeiro, mas pra mãe ele só deu a notícia no dia do nascimento. Ela disse que já sabia, mas esperou ele contar. Ela me viu um dia, de dentro do ônibus, eu com a barriga grande no ponto esperando o meu passar.
Teve uma madrugada que consegui me manter calma e disse pra ele: 'A mamãe prometeu que vai ter mais paciência com você, tá?' Ele abriu um sorrisão enorme pra mim...Foi o primeiro sorriso que ele me deu...Tenho essa imagem linda até hoje guardada na mente...Até chorei de emoção...E cantei nana-nenê pra ele se acalmar e dormir. Deu certo, mas custou. Ôh molequinho pra não gostar de dormir! Durante o dia dava uns dois cochilinhos de meia hora, quinze minutos e só queria saber de ficar no colo o tempo todo.
Uma coisa que fiz errado foi por ele pra dormir comigo, às vezes até no meu braço, porque tinha medo da tal síndrome que as crianças com até um ano tem de morrer sem puchar o fôlego à noite e que as mães inconscientemente evitam tocando nos bebês durante a noite fazendo-os assustar e respirar. Fora se sufocar no travesseiro e manta, essas coisas...Mas exagerei, porque eu já não conseguia me sentir sem ser com ele, parecia que o cordão não tinha sido cortado na minha cabeça e ele continuava a fazer parte do meu ser. Tá custando, até hoje, eu me desfazer por completo desse sentimento. Eu sinto que é mais coisa minha, porque ele é tranqüilo, ainda bem.
Mas eu persisti e consegui fazê-lo pegar o peito e aí o leite veio. Não em abundância como vi outras mães que conheço relatar. Pingava às vezes e molhava o sutiã, mas não espirrava como uma ducha e poucas vezes pedrou o peito de cheio. Só uma vez consegui tirar uma chuquinha cheia, com certeza porque continuei complementando com mamadeira. Mas nem sei dizer quantos vidros daquela Água Inglesa eu tomei nem quantos maços de Almeirão eu comi pra consegui fazer o leite do peito aparecer. Fora a simpatia de pentiar o peito com pente fino...Bom, foi tudo errado, mas consegui.
2 Comments:
Olá, fico mto feliz de estar tendo uma amizade legal como vc, tbm sempre venho na sua pag. qdo leio seus post, viajo nos meus partos, lembro da carinha deles, no 1º dia, me emociono mto, sou mto ligada em maternidade, em dicas, em saúde da mamãe e do bb, meu bb mais "novo", pq todos são bbs ainda pra mim, rsrs acabou de sair da fralda sem me dar nenhum pingo de trabalho, amei...bjos, continua me escrevendo...q eu gosto.
você passou por maus bucados,heim!!! Mas as vezes Ro, qdo você diz que não sabia que neném tinha cólica, ou dava trabalho por dez, onde você estava na sua adolescencia, ou inicio da juventude que não tenha visto alguém comentar, ou vivenciar isso? Claro que por mais que contem só saberemos na prática o trabalho que eles dão, mas pelo menos dá para ter uma noção. Mas ainda bem que passou né, agora são novos trabalhos.
ah minha triste´za é com marido, bem as vezes é melhor não te-los
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